sábado, 24 de novembro de 2012

EM NOSSOS CAMINHOS


Revisando a parábola do samaritano, lembramo-nos de que hoje milhares de irmãos nossos sobem do passado em direção do futuro pelos caminhos do presente, desfalecendo, muitas vezes, sob dificuldades e provações que os deixam semimortos:

os que não contavam com as tempestades de renovação da atualidade e se marginalizaram em desequilíbrio;
os que forjaram algemas para o amor transformando-o, logo após, no fogo passional em que se atiraram na delinquência;
os que desertaram do trabalho e tombaram em penúria;
os que converteram a inteligência em antena das trevas e se horizontalizaram, por dentro de si mesmos, nas depressões da culpa;
os que abusaram da misericórdia dos medicamentos pacificadores e, tentando fugir das próprias responsabilidades, se precipitaram em despenhadeiros de alucinação e loucura;
os que perderam a fé em meio das experiências necessárias à evolução e estiram-se no desânimo, à beira do suicídio;
os que não suportaram a transformação dos seres amados e se acomodaram, revoltados, sobre pedras da angústia;
e aqueles outros que tateiam a lousa, nos parques da saudade, perguntando pelos entes queridos que a morte lhes arredou da convivência, a carregarem o coração encharcado de lágrimas.

À frente de quantos surpreendas na estrada, caídos em sofrimento, interrompe-te para compreender e servir.

Determina a caridade nos situemos no lugar daqueles que necessitam de amparo, doando-lhes o melhor de nós, com a certeza de que provavelmente amanhã serão eles, os socorridos de agora, nossos próprios benfeitores.

Entre os companheiros de Humanidade que conhecem o campo de trabalho e passam, de longe, com receio de serem incomodados, e aqueles que foram espoliados na coragem de caminhar e na alegria de viver, recordemos o samaritano que se deteve na marcha dos próprios interesses e auxiliou espontaneamente ao próximo sem nada perguntar e, conforme a lição do Cristo, façamos nós o mesmo.

(De “Viajor”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
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“FÉ INABALÁVEL É AQUELA QUE ENCARA A RAZÃO FRENTE A FRENTE EM TODAS AS ÉPOCAS.”


        Esta frase basilar, própria da Doutrina Espírita, é uma proposição que pode ser levada para outras searas religiosas.
       Afinal, a fé não é prerrogativa de crenças, mas um atributo do homem. No entanto, é comum encontrar pessoas com uma fé tradicional, convencional, aprendida com os pais ou nos templos que frequenta.
       Esta fé superficial certamente não dá sustentação à pessoa nos momentos mais difíceis da vida, e menos ainda poderá ampará-la diante de questionamentos hoje comuns acerca da origem e finalidade da existência.
       A verdadeira fé não teme a razão porque, estando amparada na própria racionalidade, não pode ser atingida em sua essência.
       A verdadeira fé é dinâmica como a vida.
       Se uma verdade nova se apresenta ela não sofre abalos por assimilá-la. Pelo contrário, a verdadeira fé busca a confirmação, o complemento, a correção de rota se for o caso, em função de seu próprio fortalecimento.
       A razão fortalece a verdadeira fé, enquanto que a fé convencional, superficial, pode ser derrubada por um sopro, cai perante o menor argumento, donde surge o escudo do fanatismo, — uma fé já desnaturada e distorcida.
(De “Dia a Dia” – Conceitos para viver melhor — de Paulo R. Santos).