segunda-feira, 25 de março de 2013

CONCORDAR EM DISCORDAR SEM BRIGAR




        Eis uma fórmula de se viver em paz; concordar em discordar sem brigar.
        Quando concordarmos em que as pessoas discordem de nós, e aceitamos ouvir com naturalidade os motivos que as levam a não estarem de acordo conosco, é bem possível que aprendamos muita coisa. Podemos também ensinar, pois quando duas pessoas se dispõem a conversar, falando e ouvindo, com isenção de ânimo, naturalmente, dessa troca de opiniões e experiências, muita luz se fará para ambas as partes.
        Convenhamos que não damos um passo à frente, quando nos fixamos num ponto e ali permanecemos obstinados, não admitindo que possamos estar errados.
        Da troca de ideias com outros, poderíamos reformular nossos pontos de vista, ou reafirmá-los na convicção de que estamos certos.
        Não cristalizemos nossos conhecimentos!
        Através do diálogo amigo, racional, educado e sem pretensão, melhoraríamos nossa visão da vida e das coisas, e também ajudaríamos a enriquecer o patrimônio de outrem.
        Aquele que se fecha e não admite o diálogo de pontos de vista, revidando ofensivamente qualquer aproximação, qualquer discordância relativa a seu modo de pensar, ainda não se capacitou de que ninguém evolui sozinho; não compreendeu a própria observação consciente dos desequilíbrios, que nos leva ao esforço retificador e promove o reequilíbrio. Portanto, sejamos compreensivos e não esperemos que batam palmas a tudo o que fizermos ou dissermos. Aceitemos como amigos os que discordarem de nós, amigos que nos vêm oferecer algo muito valioso — a oportunidade de entendermos que todos têm sua maneira particular de ser e cada pessoa é a mensagem de sua vida, e que tudo é válido, entre acertos e desacertos, no concerto de valores.
        Procuremos ser simples, humildes, autênticos e deixemos que os outros também ajam da mesma forma, dizendo o que pensam das nossas palavras e dos nossos atos.
        Não mudaremos o nosso modo de ser, não trocaremos nossa personalidade; mas poderemos aprimorar o que somos e o que sabemos, se concordarmos em discordar sem brigar.


(De “Conversa com a vida”, de Cenyra Pinto)
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