segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

HERON

Meu nome é Heron.


Meu pai foi negro e minha mãe branca. Casados com comunhão de bens. Atravessei todas as portas da paciência para enfrentar o mal que sempre me acometeu e me fez vítima da epilepsia. As pessoas tinham preconceitos porque no meu registro de nascimento eu não tinha nada mais do que a cor parda.


Para os ricos e brancos fui discriminado. Para os pobres, um coitado a mais. Aos negros um horror, porque nem negro e nem branco não tinha classificação para freqüentar grupos. Brancos não aceitam pardos, negros discriminam as próprias origens. Fui pardo, solitário e epilético. Mas construí um Palácio enfeitado de muitos solventes; Cores de todos os prismas para fugir das discriminações. Acabei gostando do que eu fazia. Na verdade fui pintor de paredes de palácio de gente muita afortunada. Um dia sofri um acidente e cai do primeiro andar de uma casa. Bati a cabeça e fiquei 30 anos sem poder andar. Neste tempo todo ficando sem andar pensava mais do que se pode alguém imaginar. Convulsões começaram e nunca mais sarei até o desencarne.


Moro hoje na aldeia dos Misericordiosos. Para quem não sabe essa Colônia é muito especial e vou lhe contar como funciona. Mas isto será no outro dia porque hoje estou só me apresentando.


Heron ( das Filipinas )

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